quarta-feira, 13 de maio de 2015

Por que tanta rejeição, se transgênicos tornam agricultura mais sustentável?

Por que há tanta oposição aos organismos geneticamente modificados (OGMs), se os transgênicos tornam a agricultura mais sustentável”? Para responder a essa pergunta, uma equipe de filósofos e biotecnólogos da Bélgica recorreram à ciência cognitiva, publicando resultados em um paper na edição de 10 de Abril do jornal Trends in Plant Science.

“A mente humana é altamente suscetível às representações negativas e, muitas vezes, emocionais colocadas por ativistas do meio ambiente e outros indivíduos anti-OGMs. Os pesquisadores estimulam o público geral para formar opiniões sobre OGMs de caso a caso, não focando, assim, na tecnologia, mas no produto final”, diz o estudo.

“A popularidade e as características típicas da oposição aos GMOs podem ser explicadas em termos de processos cognitivos subjacentes. As mensagens anti-OGM apelam fortemente a intuições particulares e a emoções”, diz o líder do estudo Stefaan Blancke, filósofo no Departamento de Filosofia e Ciências Morais da Universidade de Gante.

“Representações negativas dos OGMs – por instância, como alegações de que eles causam doenças e contaminam o meio ambiente – mexem com nossas emoções, causando desgosto, e enviesam a mente. É muito difícil de controlar tais emoções, em particular porque a ciência dos OGMs é complexa e, portanto, enfrenta obstáculos para ser repassada”, explica o paper.

Outro fator seria a falta de entendimento científico de Genética (metade dos que responderam a uma pesquisa nos Estados Unidos alegaram que um gene de peixe introduzido em um tomate poderia dá-lo um gosto de peixe), assim como objeções morais ao dizer que os cientistas estão “brincando com as coisas de Deus” ou “querendo ser Deus”.

“Argumentos anti-transgênicos esbarram em nossas intuições de que todos os organismos possuem um núcleo imutável não-observável, uma essência, e que as coisas no mundo natural existem ou acontecem sempre por um propósito. Ficamos muito suscetíveis à ideia de que a natureza é uma força que age com uma finalidade ou mesmo com intenções que não deveríamos mexer”, explica Blancke.

No entanto, os pesquisadores argumentam que há mais fatores – grupos de ativistas do meio ambiente são simplesmente mais eloquentes do que a comunidade científica: “Por muito tempo, pessoas vêm apenas escutando um lado. Cientistas, em geral, não são envolvidos com o entendimento público dos OGMs, para não mencionar que a ciência que trata disso é altamente contra-intuitiva e, portanto, enfrenta dificuldades para ser repassada a um público leigo – então, desde o começo, já há uma desvantagem”.

 A avaliação dos pesquisadores, o entendimento dessa rejeição é o primeiro passo para neutralizar mensagens negativas. Blanck e o co-autor Geert De Jaeger, um biotecnólogo de plantas, desenvolveram palestra pública visando refutar alguns mitos: “Nós queremos trazer os dois lados para mais perto. Você não pode dizer que todo transgênico faz mal. Você tem de olhar para cada caso separadamente para fazer um julgamento”, conclui Blancke.

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